A GetNet (GETT11) surpreendeu o mercado ao anunciar que dará adeus à Bolsa no Brasil e à Nasdaq, nos Estados Unidos, apenas sete meses depois de realizar sua listagem.
Nesta sessão, os papéis fecharam em disparada de 23%, a R$ 4,5, diminuindo o prêmio em relação aos R$ 4,7 ofertados pelo Santander (SANB11), seu controlador, aos detentores de ações. “Os investidores correram para comprar o papel de volta, porque ele estava bem abaixo disso”, explica Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
Segundo informações, a decisão de fechar o capital partiu do Santander da Espanha, que detém 90% na PagoNxt, acionista controladora da GetNet. O movimento também ocorre no México, com o fechamento do capital do Santander México.
Especialistas consultados pelo Money Times estão um tanto divididos sobre o real motivo para a oferta de aquisição. Segundo um analista de uma gestora, que não quis se identificar, operacionalmente, a saída da GetNet não muda nada.
“O Santander da Espanha viu que a ação estava muito barata e resolveu fechar o capital. É uma questão societária”, coloca.
Na opinião de Gonçalvez, da Box Asset, a operação pegou o mercado de calça curta.
“Especula-se que a empresa sofre com problemas de liquidez. E esse entrave é somado a uma guerra regulatória. Com a guerra de concorrência no setor, diminuem-se as margens de lucros. Por mais que o resultado do primeiro trimestre veio muito bom, as margens diminuíram por conta da concorrência”, coloca.
No primeiro trimestre, a empresa lucrou R$ 98,9 milhões, alta de 76%. Apesar disso, houve uma redução de 50% contra o quarto trimestre.
Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, diz que o fechamento ocorre porque a GetNet não destravou o valor que o acionista estava esperando, principalmente depois da queda dos papéis.
Desde que estreou, a ação caiu cerca de 30%, mas bem menos que outras maquininhas, como Stone (STNE) e PagSeguro.
“O real motivo da saída ainda fica no radar, pois a empresa deixou claro que o objetivo era captação com foco na ampliação do mercado de atuação, e que se posicionaria como o principal nome do segmento. Contudo, o cenário de mercado geral impactou negativamente, tanto a empresa quanto suas concorrentes”, argumenta Sidney Lima analista da Top Gain.
Atualmente, a GetNet é a terceira maior maquininha de pagamentos em participação de mercado, atrás da Cielo (CIEL3) e da Rede, do Itaú (ITUB4).
Ele também acredita que a retirada dos papéis da empresa da Bolsa não tem um impacto no setor, por se tratar apenas da alteração de propriedade.
O BTG Pactual, em relatório enviado a clientes, aponta que olhando para trás, o Grupo Santander transferiu com sucesso a participação da Getnet do Santander Brasil para o PagoNxt de forma muito barata.
O que fazer agora com a GetNet?
Em relatório, o Citi afirma que a empresa falhou no objetivo da cisão, de destravar valor para o grupo.
Para o banco, a relação com seu acionista controlador vem criando problemas de governança corporativa, o que representa um risco para o papel.
O Citi tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 3,7.
Já o BTG calcula que, nos últimos meses, a ação está sendo negociada a múltiplos baratos de 7,3 vezes o preço sobre o lucro (P/E) e 5,7x P/E para 2023.
“Na verdade, até tivemos a empresa no portfólio de small caps da nossa equipe de estratégia por um tempo. Mas não tivemos uma classificação de compra devido à baixa liquidez da ação e potenciais conflitos de interesse ao listar a Getnet separadamente do Santander Brasil“, argumenta.
Lima, da Top Gain, não vê muito potencial para ação a partir de agora.
“Considerando que já foi sinalizado o possível pagamento de R$ 2,36 por ação ordinária (GETT3), R$ 2,36 por ação preferencial (GETT4) e R$ 4,72 por unit (GETT11), e automaticamente com o movimento de hoje, o mercado já alcançou esses patamares”, observa.
Na opinião do analista, para o investidor que tem o papel da GetNet, talvez seja interessante se desfazer para reajustar a carteira em novas oportunidades, “tendo em vista que o papel está imerso em um setor instável, em meio a um problema real de liquidez”.
“E acredito que o controlador não tenha conseguido, como proposto no IPO, criar valor para a empresa como esperado, o que dificilmente mudará, considerando o cenário econômico e concorrência”, completa.
Receba as newsletters do Money Times!
Cadastre-se nas nossas newsletters e esteja sempre bem informado com as notícias que enriquecem seu dia! O Money Times traz 8 curadorias que abrangem os principais temas do mercado. Faça agora seu cadastro e receba as informações diretamente no seu e-mail. É de graça!
Disclaimer
O Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.