Um possível asteroide foi descoberto pelo jovem Nicolas Dumont, de apenas oito anos. Ele participou de uma campanha de busca destes objetos através do programa International Astronomical Search Collaboration (IASC), em parceria com a NASA. Ao analisar as imagens do projeto, notou a movimentação de um astro que agora é classificado preliminarmente como asteroide. Nos próximos anos, astrônomos profissionais vão monitorar o objeto para determinar seu tamanho, órbita e outros parâmetros.
Nicolas fez parte de uma equipe organizada por seu pai, Gilberto Dumont, diretor do Observatório de Astronomia de Patos de Minas, para procurar asteroides através do programa do IASC. “Meu pai montou um grupo de pessoas aqui, mas na maioria das vezes, não achamos nada”, contou Nicolas, em entrevista ao Canaltech. Durante as análises, usaram o software Astrometrica para examinar imagens obtidas por um telescópio instalado no Havaí.
A ideia era identificar o que eram estrelas e o que eram corpos em movimento, que poderiam ser asteroides. “Analisamos as quatro fotos, e usamos um botão para ver o que é estrela, que fica parada, e o que são objetos em movimento”, disse Nicolas. “Depois, as quatro fotos ficam ‘rodando’, mas se tiver um asteroide, ele vai andar em linha reta”, destacou.
Há diferentes características que permitem identificar a rocha como um asteroide. “Além de ter uma rota retilínea, porque o asteroide não faz curvas, observamos também a constância do brilho; não pode ter uma variação muito grande de brilho, de magnitude”, explicou Gilberto, pai de Nicolas. “Observamos se o objeto mantém a constância desse brilho ao longo das fotos em que é registrado”, finalizou.
Depois, as identificações foram descritas em um relatório enviado ao IASC. “Três foram descartados, porque eles acreditam que não correspondem às características de brilho e constância do movimento das imagens — um deles, inclusive, era meu”, comentou ele. Somente o objeto identificado por Nicolas foi classificado preliminarmente como asteroide.
Além da descoberta
O contato de Nicolas com atividades astronômicas não vem de hoje: desde pequeno, ele acompanhava às vezes as atividades de seu pai no observatório e o trabalho com instrumentos. “Eu vi que ele tem um telescópio, aí eu falei: ‘se meu pai é um astrônomo, também quero começar a fazer as coisas que ele faz’’, disse, em entrevista ao Canaltech. Ao notar o interesse do menino, Gilberto perguntou se gostaria de participar do programa do IASC, e ele aceitou.
Enquanto o objeto é analisado por astrônomos, a equipe do observatório se prepara para participar da campanha Caça Asteroides, fruto de uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e o IASC. “Vamos conseguindo ajudar essas crianças pelos grupos das redes sociais e tenho certeza que este é um estímulo muito grande para eles, principalmente quando há alguma descoberta”, observou.
Para Gilberto, a descoberta de Nicolas irá marcar nele a importância dos estudos e da compreensão da ciência como algo divertido, e servirá como um exemplo para outras crianças e jovens. “É este o objetivo do nosso observatório: tornar o ensino de ciências mais lúdico e divertido para essas crianças”, disse. “Nós, que somos mais velhos, temos a responsabilidade de fazer isso de forma divertida e que desperte a atenção dos mais novos, porque o país vai ficar na mão deles.”