Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), duas das principais varejistas da bolsa, entregaram os resultados do primeiro trimestre confirmando o cenário tenebroso da economia, com números considerados fracos e bem distantes do quadro visto no auge da pandemia.
Com inflação persistente, juros em disparada e concorrência acirrada, o segmento não vive os seus melhores dias. Porém, em meio a essa sangria, é possível dizer qual empresa entregou mais – ou foi a menos pior?
O Money Times consultou quatro analistas para darem o veredito. Todos concordaram em dizer que ambas foram ruins. “As duas apresentaram taxas de crescimento de receitas fracas e problemas na margem de mercadoria”, coloca Flávio Aragão, sócio da gestora carioca 051 Capital.
Magazine Luiza | Via | |
---|---|---|
Lucro (Prejuízo) | (R$ 161 mi) | R$ 18 milhões |
Receita | R$ 8,7 bilhões | R$ 7,3 bi |
Ebitda | R$ 339 milhões | R$ 668 milhões |
GMV Total | R$ 14 bilhões | R$ 10 bilhões |
Apesar disso, para ele, a Via conseguiu resultados melhor. Até porque a varejista reportou algum lucro (observar o quadro acima), enquanto o Magalu aumentou o prejuízo.
“Na parte administrativa, a companhia teve um controle melhor. Esse controle fez com que a Via apresentasse melhor eficiência operacional. Conseguiram gerenciar as despesas administrativas”, diz.
Já o Magazine Luiza, em sua avaliação, queimou muito caixa. “Precisaram pagar fornecedor, aumentar estoque. Então, não gerou receita suficiente” completa.
Segundo Virgílio Laje, da Valor Investimentos, a Via reportou resultado um pouco melhor, estancando a sangria em relação aos custos e ao desinvestimento em áreas que não estão funcionando.
“O Magazine Luiza está com um custo bem alto em e-commerce, o que resultou em um resultado negativo e de prejuízo. As duas estão em cenários difíceis. O Magalu terá que fazer o dever de casa para reduzir esses custos também”, observa.
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, pontua que o setor de varejo já demonstrou sinais claros de recuperação.
“Magalu teve um crescimento ajustado de Ebitda bem mais robusto, impulsionado pelo GMV (valor bruto de venda) do 3P (marketplace), que cresceu 50% em comparação com a Via, que subiu 10%. O principal destaque negativo do Magalu foi a queima de caixa, mas mesmo assim já vejo uma eficiência melhor. Via está ficando para trás. Recuperação de market share foi muito irrisória”, argumenta.
Qual ação comprar, afinal?
Os ventos ruins da economia pesam mais sobre as operações da Via, muito por conta da “sujeira” dos resultados, como as dívidas trabalhistas.
Segundo Aragão, a empresa corre um real risco de entrar em uma situação que será obrigada a aumentar o ativo, elevar o capital ou até entrar em recuperação judicial.
“Essas despesas trabalhistas surgiram em uma péssima hora. Ela vai ter que vender patrimônio para poder pagar o dia a dia, as despesas recorrentes. A empresa está vendendo crédito tributário com desconto, está aumentando o endividamento. Vem queimando patrimônio de forma relevante. Então acho que a situação da Via é calamitosa”, completa.
E para piorar, lembra Bruno Komura, da Ouro Preto Investimento, a alta dos juros não ajuda.
“Via tem dívida mais líquida. Isso é uma preocupação diante dos juros mais altos. O índice deve chegar no pico, mas caso a inflação se deteriore, isso ficará por mais tempo”, completa.
No caso do Magalu, a empresa possui caixa líquido, ou seja, mais caixa do que dívida.
“Em um cenário de alta de juros, isso faz diferença na linha de resultados financeiros. Então não tem essa preocupação de ficar rolando dívidas, de ter que pegar uma dívida mais cara”, completa.
Laje, da Valor, afirma que a ação que está valendo mais a pena, por conta do histórico, é o Magazine Luiza. “Apesar de toda a queda, ela faz um dever de casa no e-commerce melhor do que a Via. Porém, se até o fim do ano o Magazine não conseguir reduzir os custos, a Via se tornará uma empresa melhor para o longo prazo”, diz.
Apesar disso, ele ressalta que as empresas possuem estratégias diferentes e o ideal seria diversificar nas duas.
Caminho mais claro
Komura, da Ouro Preto, coloca que quando o assunto é e-commerce, o Magazine Luiza consegue ter um desempenho melhor e uma visão mais positiva do cliente.
“A infraestrutura do Magalu também é muito mais desenvolvida em termos qualitativos. Está muito à frente. A Via entrou no e-commerce mais tarde que o Magalu”, lembra.
Aragão, sócio da 051 Capital, ressalta que o Magalu tem um bom caixa, porém, não vem entregando bons resultados. Isso faz, na visão dele, a varejista ficar muito distante de uma empresa rentável.
“Mesmo caindo 80%, ela segue uma empresa negociada a múltiplos altos. Está precisando entregar muito crescimento e muitos resultados para os seus acionistas”, observa.
Porém, para o longo prazo, o Magazine tem uma perspectiva mais positiva, conclui.
Segundo o consenso de mercado da Reuters, entre 15 analistas, um recomenda compra da Via, nove recomendam neutralidade e quatro possuem indicação de venda, com preço-alvo médio de R$ 9,09, potencial de 200%.
No caso do Magazine Luiza, nove recomendam compra, cinco mantêm a neutralidade e nenhum possui recomendação de venda. O preço-alvo médio é de R$ 12,74, potencial de 234%.
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