Ações da Petrobras (PETR4) sobem com investidor mirando mais fundamento e dividendos do que troca de CEO – InfoMoney

Apesar da percepção negativa do mercado por conta de mais uma mudança de seu presidente, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam em alta no pregão desta quarta-feira (25), em movimento de recuperação das perdas da véspera.

Na sessão de ontem, refletindo o anúncio da indicação de Caio Paes de Andrade para o lugar de José Mauro Ferreira Coelho, para o cargo de CEO, as ações ONs e PNs da empresa recuaram, respectivamente, 2,85% e 2,92%, após chegarem a cair cerca de 5% cada.

Já hoje, os papéis preferenciais subiram 1,42%, cotados a R$ 32,05, enquanto os ordinários avançaram 2,04%, a R$ 35,01. No acumulado do ano, as ações preferenciais (PETR4) acumulam valorização de 9,83% e as ordinárias (PETR3) sobem 11,36%.

Essas altas refletem não só a valorização do preço do petróleo, em disparada desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, como também os bons fundamentos da empresa.

Além disso, a companhia vem adotando uma generosa política de distribuições de dividendos, com um dividend yield (rendimento do dividendo) acima de 20%.

Fundamento

“Basicamente, a ação da Petrobras não sofreu grandes alterações ou grandes perdas porque o petróleo continua subindo, permanecendo acima dos US$ 100 dólares. No cenário global, o fluxo de compra continua indo para todas as produtoras de petróleo no mundo, como a Petrobras”, diz Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

Conforme analistas, o valuation (valor da empresa) continua atrativo e os dividendos altos. A avaliação da Petrobras está na faixa de 2,4 a 2,5 vezes EV/Ebitda – indicador que mostra o valor justo de mercado de uma empresa –, frente a 3,4 vezes seus pares internacionais.

“Essa conjuntura de fatores faz com que a ação não sofra grandes perdas”, acrescentou Cunha, para quem as mudanças do governo “se parecem mais com uma retórica”, do que uma interferência direta.

Para Waldir Morgado, sócio da Nexgen Capital, o mercado vem interpretando a troca de CEO como um gesto político, para demonstrar “que está preocupado com a escalada dos preços”, mas sem efeito prático na atual politica de preços.

“A mão do mercado está muito pesada para a Petrobras há tempos”, ressaltou Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos.

E um dos motivos, acrescentou Arbetman, passa pela questão da governança, já que a petroleira opera com margens “sólidas, baixo custo de extração” e deve manter rentabilidades altas com o Brent acima de US$ 110.

Governança

Enquanto isso, a expectativa fica agora por conta da data em que será realizada a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que deve destituir Coelho, assim como todos os demais conselheiros eleitos pelo voto múltiplo em 13 de abril, elegendo Paes de Andrade, primeiramente como membro, e depois como CEO da Petrobras.

Nesta quarta-feira, a empresa confirmou a realização da AGE, sujeita ao prazo mínimo de 30 dias entre a convocação e a sua realização. Conforme a empresa, a indicação de Paes de Andrade será submetida ao processo de governança interna.

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Como todos os conselheiros precisarão ser reconduzidos, o governo deverá utilizar a ocasião para renovar e indicar nomes mais alinhados aos ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, como o de Iêda Cagni, atual presidente do conselho do BB (BBAS3), segundo o colunista de O Globo, Lauro Jardim.

Em nota, a Moody’s ressaltou hoje que a troca de CEO, a terceira neste ano, “relacionada com o aumento dos preços dos combustíveis”, por conta da valorização do preços no exterior, “é negativa para o crédito da companhia”, reforçando os riscos de interferência do governo em sua governança.

Política de preços da Petrobras

Em relatório, o Bradesco BBI escreveu, citando informações de O Globo, que Paes de Andrade não pretende mudar a política de preços da empresa. Isso porque poderia resultar em um efeito cascata, de desorganização da economia, em vez de ajudar a melhorar o cenário.

“Por enquanto, a política de preços da Petrobras parece inalterada. Teremos que observar os próximos passos do governo como a possível eleição de novos conselheiros para melhor sentir se há algum risco de mudança na política de preços”, acrescentou.

Segundo uma fonte que acompanhou o desenvolvimento a implementação da atual política de preços da Petrobras, o máximo que o governo conseguiria, sem ferir os princípios da Lei das Estatais e o que o estatuto exige, seria dilatar o intervalo entre os reajustes. Isso poderia trazer uma “calmaria” ao governo, ao menos até as eleições.

Conforme o BBI, essa alternativa de espaçamento poderia ter um impacto financeiro limitado para a empresa, mas traria riscos de fornecimento, opinando que quaisquer alterações estatutárias “seriam interpretadas negativamente pelo mercado”.

Conforme o Estado de S.Paulo, a gestão da empresa precisa chegar em 31 de dezembro de 2022 praticando a paridade do preço médio do petróleo e, para tirar essa regra, precisaria se alterar o estatuto, retirando a obrigação por parte do governo de indenizar a empresa pelos custos que tiver com essa política.

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