É remédio ou natural? Adesivo promete emagrecer rápido, mas há riscos – Folha Vitória

Foto: Divulgação / Adobe Stock

Eles estão disponíveis em várias marcas e podem ser encontrados facilmente em lojas físicas e na web. O preço médio é de R$ 200. Os adesivos emagrecedores prometem a perda peso sem fazer esforço. Eles são colados na região da barriga ou no umbigo para que liberem as substâncias que levariam ao emagrecimento.

Mas o que dizem os médicos a respeito dessa nova moda relacionada ao emagrecimento com os adesivos?

Segundo a endocrinologista Flávia Tessarolo, antes de qualquer coisa é necessário entender a diferença entre perder peso e emagrecer. “Emagrecer é diferente de perder peso. A gente emagrece quando perde gordura, tecido adiposo ou quando ganha massa muscular. Já perder peso é outra história. Quando você desidrata, perde líquido, por exemplo, e sobe na balança, notará que perdeu peso. Mas isso nada tem a ver com perder gordura”, explicou.

Um outro ponto é que esses produtos não podem ser considerados medicamentos, já que, na maioria dos casos, não possuem aprovação da Anvisa, bula ou publicação de estudos que comprovem segurança e eficácia deles.

Grandes sociedades e entidades que estudam a obesidade, como a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), reiteram que os chamados “compostos naturais”  não têm eficácia científica comprovada para emagrecer, como Flávia enfatiza.  

E é isso que esses adesivos dizem trazer em sua formulação: fucus, guaraná, erva-mate e triptofano são alguns exemplos. Outros têm ervas a mais ou a menos. Já alguns nem sequer listam de que são feitos. 

Para a médica, o risco existe quando as pessoas acham que, por serem ditos “naturais”, não trazem riscos para a saúde. O fato de serem colocados sobre a pele também merece atenção.

“A pele é uma via de absorção importante. Temos a via oral, por meio de comprimidos, a intravenosa, por meio de injeções, e a pele que também é uma via de absorção. Alguns podem pensar: ‘Mas eu estou passando somente um gel na pele ou colando um adesivo’, como se isso não pudesse levar a consequências negativas. Não é porque é via pele que não faz mal. Essas substância serão absorvidas pelo organismo” – Flávia Tessarolo, médica endocrinologista . 

Foto: Thinkstock/Reprodução

Os adesivos emagrecedores podem trazer riscos para a saúde?

Segundo a médica endocrinologista Priscila Peçanha de Faria, o risco de usar produtos e adesivos sem acompanhamento médico é o de justamente não saber o que, de fato, existe na composição deles, qual a concentração de cada item e os possíveis efeitos colaterais.

“Se a gente pensar em uma dose alta de um diurético, podemos ter um distúrbio de um eletrolítico, por exemplo. O diurético faz uma perda de líquido e junto com essa diurese a gente pode perder alguns eletrólitos importantes para o nosso organismo, tipo sódio, potássio e magnésio. Por exemplo, a falta do sódio, que a gente chama de hiponatremia, pode levar a alterações neurológicas. A alteração de potássio pode fazer arritmia” – Priscila Peçanha, médica endocrinologista

A médica explicou também que ao usar substâncias que têm efeito laxante e diurético ao mesmo tempo fazer com que o organismo perca ainda mais componentes importantes para o corpo trazendo efeitos colaterais graves.

Pacientes que já usam medicações hipertensivas e que já têm por meio dos remédios que usam a perda de eletrólitos, devem ter ainda mais cuidados antes de lançarem mão de produtos para emagrecer sem orientação médica. O alerta vale também para pessoas que sofrem de alterações renais e as com risco de arritmia.  Para os especialistas, essas são apenas algumas das contraindicações para o uso dos adesivos. 

“A gente sempre tem que desconfiar de produtos que prometem resultado muito rápido e fácil, sem que tenha que fazer uma mudança comportamental da alimentação e atividade física. Geralmente as medicações que são aprovadas para emagrecer sempre estão avaliando o chamado risco X benefício, funcionando sempre num mecanismo que passa por diversas fases de estudo”, complementou Priscila.

Leia também: Injeções para diabetes são indicadas para emagrecer; o que dizem os médicos?

“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”

Para as duas médicas, é preciso muito cuidado, uma vez que produtos tidos como naturais, às vezes, trazem substâncias potencialmente tóxicas. Em altas concentrações, podem levar até mesmo à morte. 

“A gente sabe que muitos compostos naturais têm seu potencial de toxicidade e as pessoas se colocam em risco quando consomem eles sem nenhum critério, destacou Flávia.

Priscila lembrou da “noz da Índia”, que chegou ao mercado com o objetivo de perda fácil de peso. “Como ele produzia um efeito laxante, ele provocava muitos distúrbios de perda de potássio. Teve paciente que morreu por conta dessa noz. Pacientes tiveram alteração renal séria também por conta dessa perda de potássio nas fezes por causa desse produto que, a princípio, parecia inocente”, complementou.

Intoxicação? Capixaba morre após consumo de noz da Índia 

Em fevereiro de 2017, uma capixaba de 46 anos com suspeita de intoxicação após consumir noz da Índia morreu. O caso foi investigado pelo Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen).

À época, a paciente deu entrada no pronto-socorro do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) no dia 14 de janeiro com fortes dores abdominais associada a vômitos, diarreia e quadro febril.

Segundo a médica Paula Frizera Vassallo, chefe da Unidade de Cuidados Intensivos e semi-intensivos do Hucam, a paciente chegou a relatar que duas semanas antes da internação foi diagnosticada em um posto médico com gastroenterite.

Com o passar dos dias, o estado da paciente foi piorando. A mulher foi submetida até a uma cirurgia de urgência quando foi constatada necrose (morte) quase que integral do intestino. Ainda segundo informações do hospital, a família relatou uso de “noz da Índia”, produto que tem a comercialização proibida no Brasil pela Anvisa.

Enfermeira morre após tomar chá emagrecedor

No início do mês de fevereiro deste ano, uma enfermeira de 42 anos também morreu após ingerir um composto de 50 ervas que prometia a perda de peso. O caso aconteceu em São Paulo. 

Ela não tinha problemas prévios de saúde conhecidos e sofreu uma lesão irreversível no fígado. Foi necessário e um transplante de urgência, mas, mesmo após receber o novo órgão, o corpo da paciente o rejeitou e ela faleceu.

Na ocasião, a Anvisa alertou que o chá em questão estava proibido no Brasil desde 2020 por não estar regularizado como medicamento.

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