Apesar da falta de testes para diagnosticar dengue no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde diz que é possível identificar a doença sem o exame, apenas com a análise dos sintomas. No último boletim epidemiológico, divulgado na sexta-feira (20), a pasta confirmou 46.932 casos prováveis e 2 mortes pela doença, em Brasília, neste ano.
Os dados são referentes ao período entre 3 de janeiro e 8 de maio e representam um aumento de 528,2% no número de infectados, em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 6.593 casos prováveis.
Segundo a pasta, os sinais clínicos mais comuns, na maioria dos casos, são:
- Febre alta
- Dor de cabeça
- Manchas vermelhas no corpo
- Dor nas articulações
- Mal-estar
- Dor nos olhos
- Falta de apetite
O subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Oronides Urbano Filho, alerta que, com esses sinais, a população deve buscar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para avaliação clínica. O médico é quem pode indicar a realização de um exame de sangue, para confirmar a infectação.
“Clinicamente a gente é capaz de fazer a hipótese diagnóstica de dengue e, com um exame simples de hemograma, conseguimos acompanhar esse paciente, intervir e ajudar no bom desfecho”, diz o subsecretário.
Urbano Filho explica que, após o diagnóstico, o mais importante é iniciar o tratamento “imediatamente”, em geral, com a reidratação.
Dengue: veja sintomas, cuidados, tratamento e como evitar a doença
A SES-DF admite que há uma “falta transitória” de testes de dengue. Segundo o secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache, na última semana chegaram 10 mil unidades, e há previsão da chegada de mais 30 mil testes até o fim do mês.
Segundo o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, a realização dos exames ajuda a ampliar a vigilância epidemiológica e a tirar dúvidas em determinados casos, mas a falta não impede a notificação e nem o tratamento. Ele diz que a dengue é uma doença diferente da Covid-19, em que o teste é importante para que haja isolamento e o infectado não contamine outras pessoas.
“O principal fator é que a dengue tem um agente intermediário, que é o mosquito. No caso da Covid, não, você é o transmissor”, explica Divino.
Como os sintomas de Covid são semelhantes aos da dengue, a secretaria alerta que é importante que as pessoas busquem atendimento imediato em uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
Casos de dengue por idade no DF
Mãos de bebê / criança em imagem de arquivo — Foto: TV Globo /Reprodução
Segundo o último boletim epidemiológico, a faixa etária com maior número de casos de dengue é a de pessoas entre 20 a 29 anos, com 7.254 infectados. No entanto, as ocorrências mais graves são em crianças menores e idosos.
Conforme o levantamento, até 8 de maio foram registrados 307 casos de dengue em bebês com menos de um ano, o que representa 0,7% do total. Já entre as pessoas com mais de 60 anos, foram 5.671 casos.
“Crianças mais novas, particularmente, podem ser menos capazes que adultos de compensar o extravasamento capilar e estão, consequentemente, têm maior risco de choque por dengue”, diz o boletim.
Já idosos fazem parte do grupo de risco por terem um sistema imunológico “menos eficiente” e “pela possível existência de doenças associadas, além de se desidratarem com mais facilidade”, aponta o documento.
Veja tabela por faixa etária:
Proporção e incidência dos casos prováveis de dengue por grupo etário no DF em 2022
Faixa etária | quantidade | % |
Menor de 1 ano | 307 casos | 0,7 |
1 a 4 anos | 1.060 | 2,6 |
5 a 9 anos | 2.016 | 4,9 |
10 a 14 anos | 2.646 | 6,4 |
15 a 19 anos | 3.323 | 8,0 |
20 a 29 anos | 7.254 | 17,5 |
30 a 39 anos | 6.84 | 16,5 |
40 a 49 anos | 6.901 | 16,7 |
50 a 59 anos | 5.379 | 13 |
60 a 69 anos | 3.357 | 8,1 |
70 a 79 anos | 1.667 | 4,0 |
80 anos e mais | 647 | 1,6 |
TOTAL: | 41.415 | 100,0 |
Com 7.731 casos prováveis, Ceilândia é a região com o maior número de registros de dengue no Distrito Federal. Em seguida, aparece Samambaia, com 3.973 casos, e São Sebastião, com 2.606 notificações (veja abaixo).
Casos de dengue por região, no DF — Foto: Secretaria de Saúde do DF
Como se prevenir da dengue
A transmissão da dengue se dá pela picada da fêmea infectada do Aedes aegypti, mosquito que costuma circular em regiões quentes e chuvosas. A água parada, como a que se acumula em pratos de vasos de plantas, calhas e garrafas no quintal, é onde o inseto se reproduz.
Para evitar a reprodução, o Ministério da Saúde reuniu uma série de orientações; confira abaixo:
- Faça uso de repelente sempre que estiver em áreas consideradas de infestação. Os mais indicados pela OMS são à base de Icaridina e que oferecem até 12 horas de proteção;
- Priorize o uso de roupas claras, leves e que cubram todo o corpo – o Aedes aegypti tem atração pelo suor e por cores escuras;
- Faça exames de rotina e, em caso de sintomas similares aos da dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus, procure a unidade de saúde mais próxima e consulte um médico.
Residências em Vicente Pires, no DF, recebem mutirão da Vigilância Ambiental contra a dengue — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde
- Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas
- Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol
- Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros
- Tampe os tonéis e caixas d’água
- Mantenha as calhas sempre limpas
- Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo
- Mantenha lixeiras bem tampadas
- Deixe ralos limpos e com aplicação de tela
- Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia
- Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais
- Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa
- Evite o acúmulo de água em pneus e calhas
- Coloque repelentes elétricos próximos às janelas – o uso é contraindicado para pessoas alérgicas
- Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados
- Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos
- Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa
- Coloque areia nos vasos de plantas
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