A TV vai acabar no Brasil? A resposta é enfática: não. E quem garante é a Kantar Ibope, que apresentou ao NaTelinha, com exclusividade, números que comprovam a afirmação. Embora nunca o brasileiro tenha visto tanta TV, os dados dos canais estão baixos como jamais haviam atingido antes, o que parece um contrassenso, mas há uma explicação e a empresa responsável pela aferição se justificou.
Após a Kantar Ibope revelar dados importantes sobre os números de audiência, como o engajamento das novelas, que é seis vezes maior que do jornalismo, além de mostrar o que motiva as pessoas a assinarem o streaming, o NaTelinha procurou a empresa para tirar dúvidas a respeito da queda histórica de audiência que todos os canais lineares (TV aberta e fechada) enfrentam nos últimos anos.
O Ibope lembra que nunca se viu tanta televisão no Brasil como atualmente. Porém, como a audiência da TV aberta caiu? A explicação é óbvia, mas foi confirmada pela Kantar:
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“Para o estudo Inside Video fizemos uma projeção nacional e mencionamos que 205.876.165 pessoas assistiram a emissoras de TV linear no Brasil em 2021. Há mais de duas décadas, a única opção de consumo de vídeo era por meio da TV Linear. Desde então, outros serviços estão disponíveis para o consumidor, como a TV Paga, o Streaming – seja em formato AVOD ou SVOD – além do consumo de vídeo pelo celular. Segundo dados da Kantar IBOPE Media, o share canais lineares, em agosto de 2021, era de 73,7%. Em abril de 2022, o número é de 72,2%. Também é importante mencionar que TVs lineares também oferecem seus conteúdos em plataformas de streaming e vídeos online. Além disso, o vídeo compete com outras formas de entretenimento dentro do domicílio.”
Isso significa dizer que, a participação da TV linear no Brasil ainda é alta, embora a queda se explique. Pelos dados da Kantar, sete a cada dez brasileiros que estão assistindo televisão, estão conectados em canais lineares, ou seja, nas emissoras abertas ou fechadas.
Dados da Kantar Ibope são defasados?
O NaTelinha fez reportagem recentemente mostrando uma crise entre a Kantar e a Globo por conta dos dados de audiência de Pantanal. A reportagem questionou agora a empresa se os números de aferição não são defasados, afinal, praticamente não há levantamento de cidades menores, no interior do Brasil.
O Ibope respondeu que observa o comportamento do brasileiro interiorano através de um caderno de questões, ou seja, uma pesquisa, cujos resultados são semelhantes aos observados pelos dados atuais. “Através de modelos estatísticos, previamente alinhados com nossos clientes, a Kantar IBOPE Media realiza e mensuração desta amostra representativa da população, que contempla as cidades do interior do país. Nosso caderno de audiência – formato de pesquisa utilizado para pesquisar cidades em que os equipamentos de medição não estão disponíveis – é aplicado anualmente em cerca de 80 cidades do interior do Brasil, e os dados provenientes dessa pesquisa são utilizados por afiliadas de emissoras e agências de publicidade fora das grandes regiões metropolitanas monitoradas e mencionadas no estudo”, justifica a empresa.
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Mesmo assim, o NaTelinha questionou a razão de, num país com 213 milhões de habitantes e mais de 5 mil municípios, apenas há 15 praças com medição. A explicação se dá por cálculos estatísticos:
“Primeiramente é preciso entender que a definição de amostra é um processo técnico. Anualmente realizamos um levantamento, com aproximadamente 25 mil domicílios, para colher informações e características da população. Esses dados são associados às informações do IBGE para definir características do universo (sexo, classe econômica, idade, posse de TV, tamanho de família, distribuição na região metropolitana, entre outros) e criar um banco de domicílios elegíveis a fazerem parte de nossa amostra. Depois desta avaliação, identificamos o universo a ser investigado e selecionamos, através de processos estatísticos, a amostra representativa deste universo. Um processo rigoroso de controle de qualidade operacional é realizado diariamente para garantir que a amostra reflita o universo e que os dados gerados para os nossos clientes reflitam a realidade de consumo desta audiência. As cidades não cobertas pelos medidores eletrônicos de audiência, os peoplemeters, são aferidas por outros métodos de pesquisa, como nosso caderno de audiência, no qual os indivíduos residentes no interior do Brasil informam seus hábitos de consumo de forma impressa.”
Dados em pontos ou milhões?
Uma das informações que mais interessam o telespectador e, principalmente a crítica é: quantas pessoas, de fato, assistem determinados programas. A Kantar explica por que insiste no sistema de pontuação e não de milhões. “A divulgação da audiência em formato de pontos e não em número de habitantes é uma convenção internacional, seguida em vários mercados globais, inclusive no Brasil. Em 2022, 1 ponto de audiência nos 15 mercados aferidos regularmente pela empresa, representa 258.821 domicílios e 713.821 indivíduos”.
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Questionada se a empresa sabe exatamente quantas pessoas assistem aos programas, a resposta é enfática: “Sim, tanto a Kantar como os nossos clientes possuem esta base de comparação, tendo como padrão o ponto de audiência relativo ao ano”.
Porém, quem pensa em acompanhar o resultado com milhões, pode não conseguir, já que a resposta não é nada animadora. “Novamente, não é uma decisão apenas da Kantar, e sim uma convenção de mercado amplamente utilizada pela indústria de mídia e comunicação. Não descartamos passar a fazer esse tipo de divulgação”, diz a Kantar sobre adotar novo modelo.
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